quinta-feira, 2 de abril de 2020

«Os Outros», de C. J. Tudor

Editora: Planeta
Data de publicação: 04-02-2020
N.º de páginas: 368
Após O Homem de Giz (2018) e Levaram Annie Thorne (2019), a escritora britânica C. J. Tudor apresenta aos leitores um novo tríler psicológico, cuja trama nos deixa preso em cada volta e reviravolta, cada choque, cada revelação.

A premissa: uma mãe e uma filha são assassinadas versus uma mãe e uma filha em fuga.

A história começa com o pior pesadelo de um pai se tornando realidade: «É a respeito da sua mulher… e da sua filha.» Quando Gabe Forman é informado pela polícia que Jenny e Izzy foram encontradas mortas na sua casa, o seu mundo desaba. A polícia acredita que a mulher e a filha de cinco anos tinham sido mortas durante um roubo que correra mal.
Três anos passados sobre este acontecimento, Gabe é um homem desequilibrado (não tinha familiares, nem amigos chegados, «não tinha emprego. Não tinha casa. Já não era pai nem marido») e o único que acredita que a filha ainda está viva: «passava o dia e a noite a conduzir para cima e para baixo ao longo da auto-estrada (…) à procura do carro que lhe levara a sua menina.»
Enquanto isso, juntam-se à narrativa uma mulher chamada Fran e a sua filha Alice ‒ da mesma idade que Izzy teria agora ‒, que fogem de alguma ameaça não especificada; uma empregada de balcão de uma das estações de serviço que Gabe começa a frequentar após a tragédia; e uma enfermeira que cuida há vários anos de uma criança em estado vegetativo.
E ‘Os Outros’, uma facção sombria a quem aconteceu coisas terríveis e que não encontra consolo no perdão ou no esquecimento, que papel terá para o desfecho desta história?
Com tradução (a partir de The Other People) a cargo de Mário Dias Correia, Os Outros é um romance intrigante e invulgar, tão obscuro quanto emocionante, que aborda temas como a vingança, o carma e o perdão.
Entrelaçando capítulos curtos e plenos de suspense, narrados pelas vozes de personagens psicologicamente desestruturados, em constante angústia emocional, e incorporando aqui e ali elementos do sobrenatural, C. J. Tudor volta a surpreender os leitores com uma história inebriante e original, cujo desfecho é impossível de prever.
Tal como nos seus livros antecedentes, neste seu terceiro tríler, a autora explora os perigos e os cantos mais escuros da infância e, em geral, das relações humanas.
Por os factos serem dados a conhecer muito lentamente (uma jogada estratégica bem eficaz), C. J. Tudor faz despoletar no leitor uma ansiedade contínua em relação aos acontecimentos passados e futuros do enredo, mantendo assim o leitor empolgado e disposto a virar a página.
Referir que neste seu novo trabalho, é notório um vocabulário e sintaxes mais ricos, revelando que a autora tem vindo a aprimorar a sua escrita.

Excertos
«Desaparecer é diferente de morrer. De certa maneira, é pior. A morte oferece finalidade. A morte dá-nos licença para chorar. Para fazer um serviço fúnebre, para acender velas e pôr flores. Para deixar ir.
Desaparecer é um limbo. Ficamos perdidos; num lugar estranho e sombrio onde a esperança brilha como uma débil chama no horizonte e a infelicidade e o desespero voam em círculos no céu, como abutres.»


«Não somos especiais. Somos como toda a gente, a caminhar por um campo de minas, a tentar fingir que o nosso mundo não pode ser feito em pedaços de um momento para o outro.»

«Tentamos não pensar na morte. E se pensamos, vemo-la como uma coisa distante e abstracta. (…) Tal como nos convencemos de que a tragédia nunca baterá à nossa porta porque somos de algum modo especiais e imunes. O pior que pode acontecer só acontece aos outros.»

8 comentários:

João disse...

Fascinante E surpreende até ao fim!

Rita Carmo disse...

Cada vez gosto mais deste género literário, não li ainda este livro, mas conto ler em breve.

Daniela Fonseca disse...

Amei o homem de giz e concerteza no futuro irei ler este! 😉

Maria de Fátima Cardoso disse...

Livro adquirido mas ainda não lido! Próximo para ficar na mesinha da cabeceira para ser manuseado, folheado e lido, pois claro!

Sofia Rocha disse...

Gostei bastante do Homem de Giz... este está na lista.

Maribel disse...

Dos livros em lista de espera ��

JORGEJO disse...

Ansioso por ler qualquer coisa de Tudor. Já me referiram que cada thriller é mais excitante do que o anterior. Talvez seja este o primeiro que dela vou ler!

Diana Ferreira disse...

Apenas li o primeiro da sequela e adorei!
Desejosa de a continuar!