terça-feira, 13 de março de 2018

Natália Correia é relembrada 25 anos após o seu desaparecimento, com o lançamento de dois livros

A Editora Ponto de Fuga publica esta semana dois livros com inéditos de Natália Correia: Descobri que Era Europeia e Entre a Raiz e a Utopia. Chegarão às livrarias a 16 de Março, precisamente volvidos 25 anos da morte da escritora açoriana. Ambas as obras têm introdução e notas da investigadora Ângela de Almeida.
Do catálogo da editora consta também, desde 2015, o título Não Percas a Rosa / Ó Liberdade, Brancura do Relâmpago, da escritora que foi uma das vozes mais proeminentes da literatura e da cultura portuguesas na segunda metade do século xx.
Em 1950, aos 26 anos, Natália Correia visitou os Estados Unidos. Terra de fascínio e oportunidade para muitos emigrantes, o colosso americano é retratado neste livro, nos seus sucessos e contradições, com a penetrante lucidez da autora, já então capaz de intercalar diferentes registos de escrita com uma mestria prodigiosa.
Impressões de viagem, mas também diário, ensaio e até poesia convergem neste testemunho envolvente, de uma atualidade desconcertante, de quem partiu à descoberta do América e acabou por (re)descobrir as próprias raízes europeias.
Transcrito a partir do exemplar da primeira edição (1951) da biblioteca pessoal de Natália, o texto agora apresentado reflete as alterações e acrescentos por si introduzidos nesta obra de juventude, com vista a uma reedição que nunca chegou a supervisionar — e que surge agora, devidamente contextualizada, num volume enriquecido com material inédito, por ocasião dos 25 anos da morte da escritora açoriana.
Excerto
«(...) este livro foi sentido como as estrelas, as pessoas e as coisas que me acontecem pelo caminho. Não foi produto de qualquer plano ou premeditação. Fiz uma viagem. Meti sonho na bagagem, sede na minha alma e inquieta ansiedade nos meus olhos. Tento contar o que vi, como as crianças que se perderam na floresta e descrevem, no regresso, as árvores, os animais, os ruídos, as luas e as sombras exageradas dos seus medos.» (p. 21)


Este conjunto de documentos, na sua maioria inéditos, corresponde a pelo menos doze anos (1946–1958) de uma relação de profunda cumplicidade e de luta pelos ideais universais, vivida entre a poeta Natália Correia e o pensador, pedagogo, ensaísta e cooperativista António Sérgio (1883–1969).
Um encontro entre dois grandes vultos da cultura portuguesa do século XX, sob o signo da fraternidade humana e da paz ou, segundo as palavras de Sérgio, na viva esperança de um «cooperativismo integral» enquanto «libérrima anunciação profética de uma humanidade diversa da que temos hoje».
Excerto
«A cultura deve ser estimada como parceiro social, numa interligação das componentes política, económica, social e cultural, de modo a que as forças políticas, económicas e sociais se exerçam criativamente, no pressuposto da consciência cultural de mudar a sociedade.» (p. 40)
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