quarta-feira, 17 de junho de 2020

«Pessoas Altamente Sensíveis», de Karina Zegers de Beijl

Data de publicação: 26-05-2020
N.º de páginas: 280
Quando era criança, os seus familiares, professores e amigos o viam como alguém introvertido, solitário e pouco expressivo? Nas brincadeiras no recreio da escola, ou junto de outras pessoas, ficava a maioria das vezes retraído sozinho num canto, no seu mundo? Desde a infância, sente que tem os sentidos mais apurados: por exemplo, incomoda-lhe os ruídos, luzes brilhantes e cheiros fortes? Evita assistir filmes e programas de TV violentos? Então, é provável que seja uma pessoa altamente sensível (PAS) / Highly Sensitive People (HSP).
Não se trata de uma doença, mas de um traço de personalidade, como refere Karina Zegers de Beijl, que fundou em 2012 a Associação de Pessoas Altamente Sensíveis em Espanha. Não se tratando de uma patologia, e por ser ainda muito pouco conhecida (até por psicólogos e outros especialistas que estudam o comportamento), é normal que quem é mais susceptível e vulnerável ao que se passa ao seu redor ‒ sofrem mais por terem as emoções à flor da pele - não saiba que existe desde a segunda metade da década de 1990, cunhado pela psicóloga e investigadora americana Elaine Aron, um termo científico que caracteriza essa faceta da sua personalidade: Sensory processing sensitivity (SPS).
Ao longo deste livro, Karina Zegers de Beijl aborda com minúcia este traço temperamental inato do indivíduo, que envolve um aumento da sensibilidade do sistema nervoso central, uma elevada actividade dos neurónios-espelho e um processamento cognitivo mais profundo de estímulos físicos, sociais e emocionais.
Em Pessoas Altamente Sensíveis, a autora, nomeia algumas das características mais positivas das PAS (como serem empáticas, intuitivas, criativas e apreciarem a quietude, o silêncio) e as menos agradáveis, com as quais terão que aprender a viver até ao resto da vida (como estarem em constante estado de alerta, serem perfeccionistas, propensas a serem afectadas muito facilmente por más notícias, ou por comentários ou acções provindos de pessoas próximas - um familiar, um amigo… - que os magoam verdadeiramente no seu âmago).
Na obra, alguns capítulos são dedicados a abordar a forma como as PAS lidam em contexto laboral e em relações amorosas e de amizade. Uma das ideias bem sublinhadas no livro, é que para se ser uma PAS não se tem que ser obrigatoriamente uma pessoa tímida, introvertida ou associal.
Embora mencionado vagamente, a autora podia ter explorado mais a relação entre o traço de personalidade de alta sensibilidade e doenças do foro mental, pois é comum os hipersensitivos terem, por exemplo, problemas de ansiedade.
Pessoas Altamente Sensíveis é um guia útil e desmistificador para todos os que acham ou têm a certeza que têm uma índole sensível acentuada. Um questionário vem na parte final do livro, que avaliará qual o nível de sensibilidade do leitor.
Em Portugal, este é o terceiro livro que é publicado sobre o tema, após o livro da dinamarquesa Ilse Sand Ama-te a ti mesmo (RH Editora, 2016) e O Poder da Sensibilidade, da alemã Kathrin Sohst (Editorial Presença, 2018). Referir que no nosso país não existe nenhuma associação ou site sobre PAS, como há em mais de 20 países.

Excertos
«Há um antes e um depois. Descobrir o traço de personalidade da alta sensibilidade significa para muita gente uma mudança radical na sua autoperceção, na capacidade de entender a sua própria postura para com os outros e com o mundo em redor.»

«As PAS são pessoas profundas, com um mundo interior rico, que tendem a fazer a si próprias perguntas existenciais.»

6 comentários:

Marta disse...

Este livro será bastante importante para muitas pessoas que ainda não tenham sido diagnosticadas.

João Tavares disse...

Identifico-me muito com esse traço de personalidade.

Unknown disse...

Muito curiosa para ler este livro!

Jorge Martins disse...

Como este livro seria importante p+ara mim, vivo com uma!

Catarina disse...

Livro com um tema muito interessante, gostava de ler

Ana disse...

Tema interessante, lidar com a diversidade de sensibilidades.