Zoran Živković (n. 1948) é um escritor, ensaísta, editor e tradutor sérvio. As suas obras foram traduzidas para 20 idiomas, publicadas em 25 países. Živković, que até 2017 foi Professor Catedrático de Escrita Criativa na Faculdade de Filologia da Universidade de Belgrado, venceu vários prémios literários. Em 1994, o autor de O Espaço Branco, ganhou o Prémio Miloš Crnjanski, em 2003 venceu o World Fantasy Award com o livro de contos A Biblioteca - que será publicado em Maio pelo Grupo Narrativa - e em 2007 foi galardoado com o Prémio Isidora Sekulic. No mesmo ano, este "mestre da fantasia" foi galardoado com o Prémio de Carreira na Literatura Stefan Mitrov Ljubiša.
Da sua autoria, chegou recentemente às livrarias, com tradução (a partir do inglês) de Machado dos Santos e com o selo da editora Narrativa, As Quatro Mortes e a Ressurreição de Fiódor Mikhailovich.
Sinopse
Um encontro bizarro entre duplos num parque coberto de nevoeiro.
A misteriosa morte súbita de um dos passageiros de um vagão-restaurante de um comboio.
A consulta hilariante e trágica de uma psiquiatra com o seu paciente muito invulgar.
Uma conversa num banho turco entre um desconhecido invisível e um jogador sem dinheiro.
O que é que todas estas situações estranhas têm em comum? É o seu famoso, brilhante e perturbado protagonista, pois nesta última explosão imaginativa do cérebro de Zoran Zivkovic, a personagem principal não é outro senão o magnífico autor de Crime e Castigo, O Idiota, Demónios e Os Irmãos Karamazov: o nosso homónimo Fiódor Mikhailovich Dostoevski (também conhecido como F. M. D. 19). As cenas podem parecer familiares, mas Zivkovic leva o grande romancista a lugares onde nunca esteve e aos quais nenhum outro escritor se atreveria a levá-lo: a realidades paralelas, a mistérios de assassínio do género Expresso do Oriente, aos domínios da Inteligência Artificial e aos milagres do futuro. Com efeito, ele morre quatro vezes e ressuscita numa vida após a morte que só um admirador que o amava de todo o coração lhe poderia conceber…
Excerto
«O vento uivava nas ruas desertas, elevando as águas negras do Fontanka acima do nível do ancoradouro e varrendo-as altivamente de encontro aos esguios candeeiros de rua do talude, que por sua vez imitavam o uivar do vento com um guincho fininho e estridente, o que resultava num concerto interminável de chiados ruidosos deveras familiares aos habitantes de Petersburgo.
Empurrada pelo vento, a água da chuva caía numa posição quase horizontal. Entre o silêncio da noite, quebrado apenas pelo troar distante de carruagens, pelo uivo do vento e pelo chiar dos candeeiros, o estrondo da chuva a cair torrencialmente dos telhados, alpendres, caleiras e beirais que desabava nas calçadas de granito, tinha uma sonoridade lúgubre. Não havia ninguém por perto, nem ao longe, nem parecia que pudesse haver.»
Outras novidades do Grupo Narrativa
A Dançarina de Fogo, de Filipe Caetano; Vamos à Terra!, de Helena Menezes e Sofia Paulino (Prémio de Literatura Juvenil Maria Rosa Colaço 2023).
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Dostoiévski é o protagonista da nova obra de Zoran Živković
publicado por Miguel Pestana
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