quinta-feira, 12 de setembro de 2019

«As Pálidas Colinas de Nagasáqui», de Kazuo Ishiguro

Editora: Gradiva
Data de publicação: Julho de 2019
N.º de páginas: 224
Foi em 1982 que foi publicado o romance de estreia do escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro. Nascido em Nagasáqui, no Japão, em 1954, e desde os cinco anos a viver na Grã-Bretanha, o vencedor da edição de 2017 do Prémio Nobel da Literatura tornou-se cidadão inglês precisamente nesse mesmo ano em que A Pale View of Hills (traduzido pela primeira vez para português em 1989 pela Editora Relógio d’Água) foi dado à estampa.
Maria do Carmo Figueira assina esta nova tradução portuguesa de As Pálidas Colinas de Nagasáqui, o oitavo romance de Ishiguro que a Gradiva apresenta aos leitores.
Esta história é narrada por Etsuko, uma japonesa sobrevivente da tragédia nuclear de Nagasaki, que vive sozinha em Inglaterra, após a morte dos dois maridos. Ela relata, através de duas linhas temporais, a sua vida em Nagasaki após os destroços da tragédia e, na actualidade, em Inglaterra, o seu quotidiano solitário, desolado e de luto, após a sua filha mais nova, Keiko, ter-se suicidado.
Com a chegada de Niki, a filha fruto do casamento que teve com o seu marido japonês, para consolar a mãe, Etsuko relembra o Verão ocorrido há mais de duas décadas, quando estava grávida da filha morta recentemente. A amizade muito peculiar e breve que teve nessa época com Sachiko, uma japonesa também emocionalmente danificada com a Segunda Guerra Mundial, vem-lhe à memória nesses dias sombrios. Embora não fosse nessa altura uma mulher optimista, tal como essa amiga de gargalhada fácil era, Etsuko, num passeio que ambas dão ao monte Inasa (uma colina a oeste de Nagasaki), dá-se por si a afirmar: «Estou decidida a ter um futuro feliz».
As Pálidas Colinas de Nagasáqui retrata através de uma prosa contida e contemplativa as culturas nipónicas e inglesas, em diferentes aspectos culturais. Este romance flutua denso a cada página. Muitas são as pausas e silêncios que o leitor atento tem que respeitar, para que possa prosseguir na leitura.
Uma das reflexões que o autor deixa clara é de que tudo nos molda o destino: as pessoas que conhecemos, mesmo que por breves momentos, dias, meses, anos, todas nos influenciam em algum aspecto, numa toma de atitude a curto ou a longo prazo.
Este é portanto um livro que exige uma leitura paciente e cuidadosa, e mesmo assim são várias as pontas soltas que ficam por explicar terminada a leitura.
Para acrescentar à opinião geral com que fico sobre o livro, são várias as falhas de revisão do texto (que esteve a cargo de Helder Guégués) encontradas (nas páginas 33, 154, 182 e 192, pelo menos). A Gradiva já assumiu este lapso e refere que os leitores que adquirem este livro a partir da 3.ª edição revista já não encontrarão as falhas, e que quem comprou a 1.ª ou 2.ª edição pode trocar o exemplar por um corrigido.

9 comentários:

kassie disse...

Deste autor só li o Nunca me Deixes. Lio há muitos anos mas ficou-me gravado na memória, é um livro muito bom. Fiquei curiosa com este título.

kassie disse...

queria dizer *Li-o

Ricardo Meneses disse...

Adorei o livro O Gigante Enterrado deste aautor. Este parece ser outra obra de igual qualidade.

Clara Duarte disse...

Gostava muito de o ler.

joaquim manuel palma disse...

O destino que eu imagino para um belo romance. (Joaquim Brito)

Meu Portugal disse...

Um livro que irei ler em breve

Cristina disse...

Este está na minha lista...

Catarina disse...

Muito curiosa com este livro.

Diana Santos disse...

Parece-me uma obra complexa mas com uma boa história e conteúdo para refletir. Sem dúvida vou acrescentá-la à lista de livros para ler brevemente!