Continuo à Espera de que me Peçam Desculpa e O Ladrão de Cadernos são dois romances de autores italianos, que chegam às livrarias a 28 de Janeiro.
Michela Marzano (n. 1970) é filósofa, escritora com vários livros editados e cronista. Os seus temas de investigação incluem o corpo e o seu estatuto ético, a ética sexual e a ética da medicina e a filosofia moral. Continuo à Espera de que me Peçam Desculpa (tradução de Sara Peres) é um romance que penetra no coração do que significa ser mulher e explora a linha fina e delicada entre consentimento e abuso. Um romance extremamente atual, candidato ao Prémio Strega, sobre como às vezes só muito tarde as mulheres percebem como sofreram abusos.Sinopse
Houve alturas em que Anna acreditou na igualdade que recompensa independentemente do género, «que não quer saber se usas maquilhagem ou como são as tuas pernas».
Mas depois, como muitas raparigas e mulheres, sentia necessidade de ser vista e de se sentir especial. E, perante os olhares, as mãos e as palavras dos homens, não conseguia deixar de ceder – espaço, voz, partes de si –, embora dividida entre o desejo de se mostrar e o pavor de o fazer.
E agora, que dá aulas num mestrado em jornalismo, dá por si a discutir o legado do #MeToo com muitos jovens, enquanto pensa em todas as vezes que cedeu.
Quantas interpretações damos à palavra «consentimento»? Quando é que podemos ter a certeza de que um «sim» não esconde uma hesitação?
Anna procura culpados, mas não tem a certeza de se poder considerar uma vítima. Terá de se perdoar a si mesma, olhando‑se introspetivamente com coragem e sinceridade, para se poder aceitar e seguir em frente. Em todo o caso, continua à espera de que lhe peçam desculpa.
Com a curiosidade e a inteligência que caracterizam a sua escrita, Michela Marzano convida-nos a refletir acerca da relação ambígua que temos com os outros e com o nosso próprio corpo.Ana Maria Pereirinha assina a tradução de O Ladrão de Cadernos, o primeiro romance do italiano Gianni Solla (n. 1974) a ser publicado em Portugal. Esta obra deste autor de contos, peças de teatro e romances conta-nos uma magnífica história de superação, de amizade e de amor em tempos de guerra.
Sinopse
Tora e Piccilli (a norte de Caserta), setembro de 1942.
Davide passa os dias, e às vezes também as noites, com os porcos que guarda: conhece-os tão bem que os chama pelo nome. Nasceu coxo e, por isso, é humilhado pelos outros rapazes e maltratado pelo pai. Só Teresa, que passa as tardes a trabalhar na cordoaria da família e aproveita todo o tempo livre para ler, tem coragem de sair em sua defesa. Davide não consegue imaginar outra vida que não a que tem em Tora.
Teresa, pelo contrário, repete constantemente que um dia irá para longe, e Davide sabe que ela está a falar a sério.
A chegada de trinta e seis judeus vindos de Nápoles, enviados para a aldeia pelas autoridades fascistas, mudará para sempre as suas vidas. Nicolas, um rapaz judeu de uma beleza inquieta, traz consigo um mundo desconhecido e convulsiona os seus dias. Davide começa a frequentar secretamente as aulas do pai de Nicolas, que monta uma escola clandestina.
E, assim, o filho analfabeto de um fascista aprende a ler e a escrever graças a um judeu. Juntos, Davide, Teresa e Nicolas exploram não só o campo em torno da aldeia, mas também o território não expresso dos sentimentos.
O fantasma de Nicolas acompanhará Davide nos anos do pós-guerra, em Nápoles.
Quando ele arranja um trabalho pesado numa fábrica, quando começa por acaso a frequentar uma companhia de teatro, quando – agora já homem, outro homem – pisa o palco como ator aclamado.
E será precisamente Nicolas, vivo mas semelhante a um fantasma, que o reconduzirá a Tora, onde tudo começou.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
ASA e Dom Quixote publicam livros dos escritores italianos Michela Marzano e Gianni Solla
publicado por Miguel Pestana
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