sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Revolução Cercada: dois Livros que revisitam o fim do PREC

O 25 de Novembro de 1975 foi uma data decisiva na história de Portugal, marcando o fim do Processo Revolucionário em Curso (PREC) e consolidando a democracia parlamentar após a Revolução dos Cravos de 1974. Em meados de Novembro, chegam às livrarias dois livros que dão a conhecer em pormenor esta data tão importante.

Do 25 de Novembro aos Nossos Dias

História da Contrarrevolução

de Raquel Varela e Adriano Zilhão 

Se, a 25 de Abril de 1974, começou em Portugal uma revolução socialista, terá, a 25 de Novembro de 1975, começado a contrarrevolução que a derrotou?
Que ideologia, que classes comemoram, no dia 25 de Novembro, a contrarrevolução?
Como relacionar a ascensão do neofascismo em Portugal na forma do partido Chega e de bandos a ele ligados, com as comemorações oficiais desta data no Parlamento?
Que papel tem a memória?
E que é da verdade? Que é dela, nestes tempos de barbárie social?
Os canais oficiais dizem que, se 25 de Abril foi a libertação da ditadura, só a 25 de Novembro o «regime democrático» ficou consagrado.
Será verdade? E entre as duas datas, que se passou ao certo no tal PREC, sobre o qual desce um véu de silêncio?
Mas também isto — isto sobretudo: no meio do nevoeiro que os novos comemoradores aspergem sobre a história da revolução operária e socialista portuguesa e da contrarrevolução, que papel, em tão decisivos eventos, desempenharam as direcções do PCP e do PS, os dois partidos maioritários?

Esta obra não segue a narrativa oficial das comemorações do 25 de Novembro.
Narra, sim, a revolução e a contrarrevolução do ponto de vista dos trabalhadores que fizeram a primeira — e sofreram a segunda. 


O Cerco de São Bento em 1975

O princípio do fim da Revolução

de Kathleen Gomes

Em Novembro de 1975, milhares de trabalhadores da construção civil manifestaram‑se em Lisboa, reivindicando melhores condições de trabalho e de vida, num protesto que durou quase dois dias junto ao Palácio de São Bento, onde se reunia a Assembleia Constituinte. Deputados e primeiro‑ministro ficaram retidos no interior do edifício. Este episódio, que se tornou conhecido como «o cerco à Constituinte», marcou decisivamente a fase final da Revolução Portuguesa, pautada por uma acentuada radicalização política e social.
Num trabalho realizado com recurso a fontes de natureza diversa, de relatos da imprensa a testemunhos orais, O Cerco de São Bento em 1975 procura reconstituir os acontecimentos de 12 e 13 de Novembro e demonstrar como estes foram determinantes para a operação militar de 25 de Novembro, que pôs fim à Revolução.

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