segunda-feira, 18 de março de 2019

«As Paixões de Julia», de Somerset Maugham

Editora: ASA
Data de publicação: Janeiro 2019
N.º de páginas: 288
Depois de Servidão Humana, O Fio da Navalha e O Véu Pintado terem sido relançados pelas Edições ASA em Julho de 2016, é agora chegada a vez do romance que o autor britânico Somerset Maugham (1874-1965) publicou em 1937, Theatre de seu título original, ganhar uma nova edição. Carmen Serrano assina a tradução portuguesa desta história que já foi por três vezes adaptada para o cinema: Adorable Julia (1962), Teatris (1978) e Being Julia (2004).
Julia Lambert sempre sentira que estava destinada a pisar os palcos. Com 46 anos, e tido ganhado todos os prémios que haviam a ganhar, ela é reconhecida como a maior actriz de teatro de Inglaterra. Além de talentosa e rica, é uma mulher perspicaz e culta.
É através da sua voz narrativa que iremos conhecer os acontecimentos mais marcantes da sua vida até ao momento presente da história, enquanto ela revisita o álbum de fotografias.
Julia e Michael, o seu marido e manager, têm um filho, Roger, e um casamento que é respeitável, mas cuja chama da paixão já se apagara há muito. Quando num dia ela é abordada por Tom, um homem cinco anos mais velho que o seu filho, que a idolatra, Julia, a priori, se sente envaidecida, mas com o passar do tempo, e com a persistência do jovem cujo ego pede para ser alimentado, ela começa a se sentir atraída por ele.
Será neste cenário que Júlia terá, pela primeira vez, que desempenhar o papel de actriz a tempo inteiro. No teatro como na vida, chega sempre uma altura em que a máscara cai.
As Paixões de Julia é um livro que tem a capacidade de nos deixar a reflectir sobre a nossa própria vida, nos actos que são espontâneos e nos que são pura performance. Através de uma escrita elegante e bem urdida, juntando a inteligência e sensibilidade de Somerset Maugham (um médico que nunca chegou a exercer a profissão), é oferecido ao leitor nesta obra um olhar e estudo fascinante sobre a beleza, a infidelidade e o envelhecimento.


Excertos
«”As pessoas não querem razões para fazer o que gostariam de fazer”, reflectiu. “Querem desculpas.”» (p. 130)

«(…) a vida é tão curta e o amor tão transitório. A tragédia da vida é que, por vezes, conseguimos aquilo que queremos.» (p. 233)

«É a nossa fraqueza e não a nossa força que nos granjeia a afeição daqueles que nos amam.» (p. 261)

1 comentário:

Helena Isabel Bracieira disse...

Um dos autores favoritos que, felizmente, continua a ter obras suas reeditadas. Recomendo "Servidão Humana".

Helena Isabel Bracieira