sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A 11 de Outubro a Quetzal publica o primeiro romance de Bruno Vieira Amaral

Após, em Maio passado, a publicação de Guia Para 50 Personagens da Ficção Portuguesa (Guerra & Paz), o escritor Bruno Vieira Amaral apresenta no dia 14 de Outubro, na FNAC Chiado, o seu primeiro romance, que intitulou As Primeiras coisas.
Género: Romance
N.º de páginas: 312
Editora: Quetzal
ISBN: 9789897221217
Data de Publicação: 11 de Outubro

Sinopse
Quem matou Joãozinho Treme-Treme no terreno perto do depósito da água? O que aconteceu à virginal Vera, desaparecida de casa dos pais a dois meses de completar os dezasseis anos? Quem foi o homem que, a exemplo do velho Abel, encontrou a paz sob o céu pacífico de Port of Spain? Porque é que os habitantes do Bairro Amélia nunca esquecerão o Carnaval de 1989? Quem é que poderá saber o nome das três crianças mortas por asfixia no interior de uma arca? Onde teria chegado Beto com o seu maravilhoso pé esquerdo se não fosse aquela noite aziaga de setembro? Quantos anos irá durar o enguiço de Laura? De que mundo vêm as sombras de Ernesto, fabuloso empregado de mesa, Fernando T., assassinado a 26 de dezembro de 1999, Jaime Lopes, fumador de SG Ventil, Hortênsia, que viveu e morreu com medo de tudo? Quando é que Roberto, anjo exterminador, chegará ao bairro para consumar a sua vingança?
Memórias, embustes, traições, homicídios, sermões de pastores evangélicos, crónicas de futebol, gastronomia, um inventário de sons, uma viagem de autocarro, as manhãs de Domingo, meteorologia, o Apocalipse, a Grande Pintura de 1990, o inferno, os pretos, os ciganos, os brancos das barracas, os retornados: a Humanidade inteira arde no Bairro Amélia.
Excerto do capítulo 'Metereologia' de As Pequenas Coisas
«A freguesia do Bairro Amélia insere-se na zona do vale do Tejo, com precipitação média inferior a 25 mm no Verão e não superior a 95 mm entre Outubro e Fevereiro. No Inverno, quando o sol aparece, os dias cobrem-se de uma poalha de ouro frio. Na Primavera, as andorinhas voam rente à relva acabada de cortar. No Outono, como em todo o lado, caem folhas. Os velhos escolhem esta época para morrer, quando abundam folhas molhadas no chão, provocando quedas dramáticas, e os fogareiros, como turíbulos pagãos, espalham o cheiro a castanhasassadas pelo ar. Para assinalar o início da Quaresma, os católicos vão em procissão pelo bairro, com velas ardendo em copos e cânticos soturnos entoados com devoção. No Carnaval atiram-se balões de água às senhoras e homens gordos de bigode e dentes podres vestem collants e saia e alçam os rabos para as fotografias. Alguns vestem roupa interior feminina, mas não necessariamente no Carnaval. No bairro há maricas, mas não há fufas; há cornudos e putas, mas não há mulheres traídas e infelizes; há senhores que usam água-de-colónia e outros que passam álcool na cara depois de fazerem a barba; há mulheres que usam desodorizante de spray sem tomarem banho e há homens que só tomam banho ao domingo – aquecem uma panela de ferro no fogão, enchem a banheira e, no fim, a água fica preta e depois de escorrer pelo ralo um contorno negro desenha-se no rebordo da banheira.»
Sobre o autor
Bruno Vieira Amaral nasceu em 1978. Formado em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE, é crítico literário, tradutor e autor do Guia Para 50 Personagens da Ficção Portuguesa e do blogue Circo da Lama. Atualmente colabora com a revista Ler e é assessor de comunicação das editoras do Grupo Bertrand Círculo. As Primeiras Coisas é o seu primeiro romance.
 

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