quarta-feira, 13 de junho de 2018

«As Virtudes do Fracasso», de Charles Pépin

Editora: Gradiva
Data de publicação: 23-04-2018
N.º de páginas: 184
Charles Pépin (n. 1973) é professor, conferencista e filósofo francês, autor de livros de ficção e de não ficção, cuja obra está traduzida em cerca de trinta países. O seu mais recente ensaio, Les Vertus de l’échec (Allary Editions, 2016) tornou-se um sucesso de vendas e acatou variados elogios da imprensa especializada e dos leitores. A editora Gradiva disponibilizou recentemente nas livrarias este título, que foi traduzido para a nossa língua por Pedro Saraiva.
A premissa deste livro é lançar a discussão e reflexão sobre a importância das adversidades sob a óptica da filosofia, da pedagogia e da psicologia. Ao longo de dezasseis capítulos, o autor analisa as virtudes do fracasso, dando como exemplos o trajecto de vida de personalidades célebres que conheceram a adversidade antes de terem êxito, ou como o francês afirma na introdução: «é por terem fracassado que venceram.» Charles Darwin, Abraham Lincoln, Thomas Edison, Steve Jobs, Nelson Mandela e J.K.Rowling são alguns dos nomes apontados.
Uma das ideias de Charles Pépin que podemos extrair do livro é que a inteligência de uma pessoa é quantificada pela capacidade da própria analisar e corrigir os seus erros. Nesse sentido, e não menosprezando o chavão popular, é a errar que se aprende - e se eleva a nossa inteligência emocional.
Outra ideia bem batida em As Virtudes do Fracasso, é a de que a crise (seja ela monetária, existencial, etc.) deve ser encarada como uma provação, «uma janela que se abre», cabendo apenas a cada um de nós retirar dos obstáculos e adversidades alguma sabedoria.
Numa entrevista recente que o autor deu ao El País, ele refere que a «nossa sociedade está doente porque é incapaz de aceitar o erro.» Pépin aborda este tema num capítulo exclusivo deste trabalho ensaístico, onde além de criticar a forma inflexível como as empresas marginalizam os seus funcionários quando estes falham no exercício das suas funções, lança farpas incisivas ao sistema escolar europeu que não favorece a singularidade: «… a nossa escola se condena a falhar e a não desempenhar bem o seu papel por não ensinar as virtudes do fracasso.»; «O aluno aceitaria melhor as críticas, seria encorajado a desenvolver o seu talento e compreenderia que o facto de se enganar não é desonroso.» Nunca reforçar os pontos fracos de um aluno, mas sublinhar e enaltecer sempre os pontos fortes; esta é a reflexão que o pensador francês, autor de Os Filósofos no Divã (Europa América, 2010), deixa no ar.
As Virtudes do Fracasso é um ensaio filosófico acessível a todos, que convida-nos a perceber que o importante não é evitar as vicissitudes que a vida nos impõe, mas ficar ciente que através dessas dificuldades, poderemos nos tornar mais sapientes, maduros e resilientes.
Este é um livro inspirador mas também controverso.

Citações
«O fracasso está no centro das nossas vidas, das nossas angústias e dos nossos êxitos.» (p. 9)
«Há vitórias que só se podem alcançar perdendo batalhas» (p. 15)
«Pouco importa (…) o número de vezes que caímos, desde que nos voltemos a levantar, desde que nos levantemos mais sábios.» (p. 56)
«Recusar-se a reconhecer um fracasso é a maneira mais segura de não tirar dele proveito nenhum.» (p. 61)
«Se não tivéssemos falhas e decepções, não conheceríamos as satisfações mais profundas da existência.» (p. 141)

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