quinta-feira, 19 de julho de 2018

«Contos de Encantar», de E. E. Cummings

Editora: Ponto de Fuga
Data de publicação: Maio de 2018
N.º de páginas: 96
O norte-americano Edward Estlin Cummings, mais conhecido como E. E. Cummings (1894-1962), foi um dos poetas mais importantes do século XX. Além de poesia, escreveu alguns ensaios e romances. Três anos após o seu desaparecimento, foram publicados pela primeira vez — o que para os seus leitores dessa altura foi uma surpresa — um quarteto de histórias infantis, que o escritor tinha escrito, na década de 1920, para a sua filha, Nancy, quando esta era criança.
O velho que perguntava “porquê” é o título do primeiro conto, que tem como protagonista um Silfo que vive na mais longínqua das estrelas. Após milhões de anos a viver tranquilamente, este simpático ser do espaço é abordado por outros vizinhos, que procuram-lhe insistentemente na sua estimada estrela, reclamando de um velho homem de barba grande, que, a partir da lua, não pára de questionar os porquês de tudo. O Silfo, que come luz e silêncio, voa até esse satélite e tenta persuadir o velho a pôr um término às suas questões infindáveis.
O segundo e terceiro contos desta colectânea que primeira vez é publicada em Portugal, são muito parecidos no que respeita ao desfecho
E ficaram a gostar sempre um do outro.
Afinal, sou uma casa cheia de sorte, quem diria!
e à lição moral, sobre a amizade e a solidão, que das histórias podemos extrair: um elefante e uma borboleta, e uma casa e um pássaro, são, respectivamente, os pares inusitados de cada um dos contos.
A quarta narrativa, A menina chamada Eu, é muito singela e de uma graciosidade ímpar, onde Cummings apresenta-nos duas meninas: a Eu e a Tu. «Quem és tu? Tu. É quem eu sou (…) Eu chamo-me Tu.»
Contos de Encantar, traduzido por Hélia Correia a partir de Fairy Tales, é um livro que vai agradar não só às crianças mas também aos adultos. São histórias encantatórias, pungentes e tocantes, pinceladas aqui e ali com poesia. A nível visual, o laranja, o azul e o preto, as únicas cores que Rachel Caiano escolheu para legendar as palavras do poeta americano, empolam a imaginação do leitor e engrandecem este objecto-livro.
Infelizmente, Nancy, a destinatária destas quatro fábulas, só ficou a saber que o seu (verdadeiro) pai era E. E. Cummings quando já tinha 26 anos.

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