domingo, 8 de julho de 2018

«Na Praia de Chesil», de Ian McEwan

Editora: Gradiva
Data de publicação: Janeiro de 2007
N.º de páginas: 132
O Complexo de Electra define-se como sendo uma atitude emocional que todas as raparigas têm para com a sua mãe, tratando-se de um atributo que implica uma identificação tão completa com a figura materna que a filha deseja, inconscientemente, eliminá-la e possuir o pai. Complexo de Édipo Feminino era como Freud o referia. A protagonista feminina do romance Na Praia de Chesil chama-se Florence, uma violinista na casa dos 22 anos, detentora de nenhuma experiência sexual, e é por isso, talvez, que compreende-se a sua atitude avessa ao prazer e muita repulsa sobre a sexualidade: «Talvez tenha de fazer uma psicanálise. Talvez o que eu precise mesmo de fazer seja matar a minha mãe e casar com o meu pai.» (p. 118)
O desenrolar da narrativa construída pelo britânico Ian McEwan passa-se num hotel na costa de Dorset onde Edward e Florence preparam-se para iniciar a sua vida sexual, que aliais, é um dos propósitos do seu casamento. Em lua-de-mel, e extremamente ansiosos para que a noite de núpcias chegue, nesse mês de Verão de 1962, o casal desentende-se: «Amava-a, mas queria abaná-la para a despertar, ou esbofeteá-la… » (p. 76).
Edward, que julgava estar perto de consumar o seu desejo, depois de um acumular de inférteis investidas («O dia de Outubro em que ele viu pela primeira vez os seios dela nus precedeu de muito o dia em que os pôde tocar – 19 de Dezembro. Beijou-os em fevereiro, embora não os mamilos, que roçou com os lábios uma vez, em Maio.» (p. 22)), irá ter que repensar o seu futuro.
A partir deste acontecimento, o autor britânico, vencedor do Booker Prize em 1998, começa a contar a história dos protagonistas, desde as suas infâncias, sendo precisamente nessa etapa da vida deles que reside o foco dos seus principais receios, que os bloqueiam viver um relacionamento estável.
O percurso da narrativa é intercalado com o recorro de flashbacks, e assim Ian McEwan dá a conhecer ao leitor um pouco do historial do relacionamento do casal.
No final desta breve narrativa, se conhecerá os culpados de todos os acontecimentos que tiveram lugar em Chesil: complexos não resolvidos.
É sempre bom ler um livro com poucas páginas e com tanto conteúdo. Na Praia de Chesil revela um trabalho de génio, de um autor que engendra histórias que são complexas, que nos fazem reflectir.
Estreou nas salas de cinema portuguesas na passada quinta-feira o filme baseado neste romance, contando com desempenhos dos actores Saoirse Ronan e Billy Howle nos principais papéis.

2 comentários:

Marta disse...

Interessante

Rui Alves disse...

Já vi o filme e agora só falta ler o livro. :)