quinta-feira, 16 de março de 2023

A tão aguardada biografia de Natália Correia


Chega hoje às livrarias O Dever de Deslumbrar, o quinto volume da colecção de Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea, da Contraponto. Uma data simbólica, uma vez que neste dia se cumprem 30 anos sobre a morte de uma das mais carismáticas e fascinantes poetisas portuguesas, e no ano em que se assinala o seu centenário.
Filipa Martins, a biógrafa, autora de Mustang Branco e Na Memória dos Rouxinóis, dedicou-se nos últimos seis anos a estudar a vida e a obra de Natália Correia, tendo sido co-autora de um documentário e co-argumentista de uma série de televisão sobre esta escritora açoriana.

Sinopse
Intimidando pela verve de aríete e pela beleza, Natália Correia simbolizou, como poucos, as inquietações do século XX português. Precoce e radical no pensamento feminino, vítima de efabulações e de mitos, incompreendida e amada, lançou um olhar oracular sobre o seu tempo. Em tertúlias, que eram verdadeiras olimpíadas da confraternização lisboeta, o seu traço aglutinador envolvia, juntamente com o fumo dos cigarros, intelectuais e admiradores, que se irmanavam com párias e malditos em ideias e poemas de vanguarda.
Mulher deslumbrante e carismática, equiparada às maiores pensadoras europeias e às estrelas de Hollywood, atacou o Regime onde mais lhe doía - na moral caduca -, elegeu o erotismo como arma política e tornou-se a autora mais censurada da ditadura. Já no bar que fundou em Lisboa, fez e desfez governos à batuta da sua boquilha.
Nesta biografia, da autoria de uma das vozes mais seguras da nova literatura portuguesa, convivem a libertária e a conservadora, avessa a expor a sua atribulada vida íntima, a mulher que desprezava a política partidária e que nela viveu, inclusive como deputada; o espírito frágil e o temperamento intempestivo; o polémico exercício de funções diretivas em órgãos de imprensa e a defesa intransigente das causas maiores; e, em todas as páginas, as contradições e coerências de uma pensadora capaz de criar para si própria uma narrativa que não a torturasse pelas escolhas que fez.

Obras da autora, publicadas em 2018 pela editora Ponta de Fuga: Descobri que Era Europeia e Entre a Raiz e a Utopia.

Outra biografia recentemente publicada: À Procura da Própria Coisa - Uma Biografia de Clarice Lispector.

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