sexta-feira, 5 de maio de 2023

A obra-prima de uma escritora argentina catapultada para a fama aos 85 anos


A escritora argentina Aurora Venturini (1921-2015) poderia ser uma das peculiares personagens dos seus romances, já que o seu percurso ficou marcado pelo fait-divers de ter vencido (sob pseudónimo) um concurso literário para novos talentos quando já se aproximava do fim da vida. Entre o romance de formação, a delirante autobiografia, o divertimento literário e a radiografia de uma época, As Primas é uma obra que celebra, ao mesmo tempo, as dimensões universal e privada da literatura, revelando a desconcertante originalidade de uma autora que ousa colocar perguntas quase sempre cuidadosamente mantidas em silêncio.

Esta é a primeira obra da autora editada em Portugal, que lhe valeu o prémio Nueva Novela, em 2007, aos 85 anos, depois de ter publicado dezenas de livros de ficção e poesia. A edição portuguesa é da Alfaguara e assina a tradução Rita Custódio e Àlex Tarradellas.

Texto sinóptico
Na cidade argentina de La Plata, nos anos de 1940, conhecemos Yuna e Petra, duas primas que pertencem à mesma família disfuncional, precária e destinada à desgraça. Pela voz de Yuna, vemos um universo tortuoso de mulheres abandonadas à sua sorte, a braços com a pobreza, a deficiência, o delírio fantasmagórico e a pressão social. Para se evadir do cerco das histórias de ameaças, violações e homicídios, Yuna recorre à sua imaginação artística: a cada episódio de violência, pinta uma nova tela. Vendo na arte uma fuga ao estropiamento familiar, Yuna lança sobre o seu mundo um olhar selvático — ora cândido e perspicaz, ora violento e ensimesmado — e protagoniza uma história que desafia todas as convenções literárias.

Elogios da crítica
«Um romance perversamente genial.» Enrique Vila-Matas

«Pessimista e selvagem, sem heroínas evidentes, um romance de mulheres excessivas, enfermas, obsessivas, maltratadas. Rimo-nos em voz alta com as provocações e decisões insólitas. E, em simultâneo, vemos corpos levados ao limite, numa escrita em golfadas de sangue.» Mariana Enríquez

«É impossível não nos rendermos ao charme corrosivo de Yuna Riglos.» Camila Sosa Villada

«Um livro meticulosamente feminino, corpóreo e visceral, que joga com a miséria, roça o terror e triunfa. As Primas tem ainda o maior trunfo que uma obra literária pode ter: uma personagem principal que fica na memória, vívida e flagrante. O seu nome é Yuna.» La Repubblica

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