terça-feira, 20 de maio de 2025

Antologia poética de Nuno Artur Silva é editada pela INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda

Nuno Artur Silva
(n. 1962) é autor, diretor criativo e produtor de livros, peças de teatro, eventos, programas e séries de televisão e de rádio. Cronista, conferencista e professor. Foi fundador e diretor da Produções Fictícias, fundador e diretor do Canal Q, fundador e publisher do jornal satírico O Inimigo Público. É autor de diversos livros, sendo os mais recentes Como é que os Nossos Amigos Ficam Nossos Amigos? (Ed. Bertrand, 2023) e Trilogia Filipe (Ed. Asa, 2024).

O seu mais recente livro, Erros Meus - Poesia Incompleta, que terá uma sessão de apresentação no próximo dia 26, na Sala Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa, é publicado pela editora INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Texto de apresentação
«Com Erros Meus apresenta-se a primeira recolha de éditos e inéditos dos últimos 40 anos. O livro está organizado por capítulos (12). Os capítulos correspondem mais a temas, motes ou motivos do que a épocas de escrita. A definição e o nome de cada capítulo partem quase sempre de textos escritos em tempos diferentes ou ao longo do tempo, em várias versões, sobre o mesmo tema ou variações dele. Cada capítulo pode juntar textos muito recentes com textos muito antigos. Pode acontecer parecerem textos antigos textos que são mais recentes. E vice-versa. Há muitos textos que ficaram de fora da escolha, há muitos textos que foram totalmente reescritos. Sem contrariar a autonomia de cada texto, que pode ser lido isoladamente, há unidades sequenciais ou narrativas. Cada capítulo é uma coleção de poemas de um livro independente inacabado. Os livros anteriormente editados agora aqui incluídos têm uma nova versão, não necessariamente definitiva (com uma exceção, As Passagens do Tempo, que está quase igual à primeira edição). A maior parte dos capítulos corresponde a escolhas de poemas de livros inéditos com o mesmo título de cada capítulo, que poderão, ou não, vir a ser publicados. Esta antologia é, portanto, uma coletânea de versos e prosas de livros futuros.»

domingo, 18 de maio de 2025

Nova edição de «Orlando», a grande obra exuberante de Virginia Woolf


Depois de Desconhecido Nesta Morada, de Kathrine Kressman, a colecção Dois Mundos da Livros do Brasil (chancela do Grupo Porto Editora) ganha um novo título: Orlando. Esta obra é considerada o primeiro grande romance do pós-modernismo e o livro que comprovou a genialidade e a ousadia da autora britânica Virginia Woolf.
Publicado originalmente em 1928, Orlando (com tradução de Cecília Meireles) é uma biografia ficcionada, que desafia convenções e explora as fronteiras entre o tempo, o género e a identidade. A obra, que chegou às livrarias a 15 de Maio, é uma homenagem a Vita Sackville-West. amiga e musa inspiradora da autora falecida em 1941.
O romance agora reeditado, permanece como um texto essencial para a compreensão da fluidez da identidade e do papel do género na sociedade actual.

Sinopse
Esta é a extraordinária história da vida de Orlando, jovem nascido na Inglaterra isabelina. Envolto em riquezas e mesuras, poeta e apaixonado, viaja um dia até à Turquia e acorda sem aviso num imortal corpo feminino cujo percurso acompanharemos por mais de três séculos, até à modernidade.
Obra exuberante, repleta de fantasia e de inovação, carta de amor disfarçada de biografia que a autora dedicou à artista Vita Sackville-West, Orlando chegou como uma pedrada no charco ao meio literário britânico em 1928 e conquistou para Virginia Woolf um lugar de protagonismo na história da literatura universal, fixando-a para sempre como uma das autoras centrais dos textos feministas e da reflexão sobre a sexualidade. 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

«Memórias do Cárcere» é uma das obras de Camilo Castelo Branco editadas pela INCM

Além de Amor de Perdição, O Morgado de Fafe, Vinte Horas de Liteira, O Regicida, A Filha do Regicida, Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, Novelas do Minho, O Demónio do Ouro e Coração, Cabeça e Estômago, de Camilo Castelo Branco, que este ano assinala-se o bicentenário do seu nascimento, a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) publicou também as obras Memórias do Cárcere e A Sereia.

Em Memórias do Cárcere, Camilo traça um retrato duro mas emocionante das inauditas condições de vida na histórica Cadeia da Relação do Porto bem como da pesada justiça oitocentista, tendo como fio condutor a experiência vivida na primeira pessoa e outros testemunhos de vida, cuja singularidade Camilo quis deixar para memória futura.

Com edição de Ivo Castro e Raquel Oliveira este volume da «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco» oferece um rigoroso mas discreto aparato crítico, uma completa nota editorial e uma reveladora obra camiliana para (re)descobrir.

Excerto
«Não estranhei o ar glaciar e pestilento, nem as paredes pegajosas de humidade, nem as abóbadas profundas e esfumeadas dos corredores, que me conduziram ao meu quarto.
Em 1846 estive eu preso ali, desde nove até dezasseis de outubro. Foram sete dias de convivência com sujeitos conversáveis,, que entraram comigo, ou poucos dias antes, por cúmplices na contrarrevolução, baldada pela captura do senhor duque da Terceira.»


«Um falsário que conta histórias, mais a biografia do famigerado Zé do Telhado, além de parricidas e infanticidas e ainda o homem que matou o burro dum abade: uma coleção de desgraçados, incluindo o próprio romancista, como sempre preso na maior vocação, falar dos outros.» Abel Barros Baptista


Neste eterno clássico da literatura portuguesa, A Sereia, Camilo elege duas realidades antagónicas: o amor e o conflito, que sincronamente convivem através da narrativa intensa, apaixonada e apaixonante, tão característica do autor.

A presente edição, da responsabilidade de Ângela Correia e Patrícia Franco, acrescenta à genialidade do autor o rigor crítico e notas que contribuem para um olhar científico da obra e do seu autor, e que se colocam a par da íntima experiência da leitura.

Excerto
«Naquele tempo,os dias de maio, no Porto, eram temperados, alegres, perfumados, encantadores. A primavera, há cem anos, aparecia quando o calendário a dava. Ninguém saía de sua casa às cinco horas duma tarde cálida de maio com um casaco de reserva no braço para resistir ao frio das sete horas; nem o peralta portuense levava escondido na copa do chapéu o cache-nez com que, ao anoitecer, havia de resguardar as orelhas da nortada cortante.»


«Uma noite na ópera, a primeira que houve no Porto, e suas consequências. Mais que a sentimentalidade amorosa, a exposição do poder paterno: austero e intransigente, cruel e violento, ao cabo encurralado e destroçado. Um livro implacável.» Abel Barros Baptista



Outra obra de Camilo relançada recentemente: Maria da Fonte.

domingo, 11 de maio de 2025

Novidades de Maio da editora Pergaminho

Entre as novas publicações da Pergaminho consta Das Plantas num Livro, o segundo livro de Ivo Meco, um ensaio sobre Botânica, História e Literatura, e Envelhecer como Buda, o quarto livro que a editora do Grupo BertrandCírculo publica de Tsering Paldron, um guia para conciliar a intemporalidade da mente com a idade do corpo e aproveitar cada instante de vida.


Texto sinóptico
Um livro sobre plantas e o seu uso pela Humanidade, ao longo dos tempos. Uma história sobre a história do papel e dos livros, e das plantas que deram o seu corpo para que estes existissem. Uma exposição da íntima relação entre livros clássicos e contemporâneos, nacionais e estrangeiros, e as muitas vozes que perpetuaram essas plantas na forma de prosa ou poesia. Uma visão debruçada sobre a linguagem e a memória universal. Um testemunho sobre a diversidade, sobre a riqueza que ela é, em si mesma, e sobre aquilo que nos acrescenta enquanto indivíduos e coletivo.
Das Plantas num Livro é uma incursão feita na planura das folhas, através de selvas tropicais sul-americanas e asiáticas, pelos desertos australianos, atravessando as florestas da taiga do hemisfério norte, por entre a acidentada colcha de retalhos paisagísticos de Portugal ou num mergulho nos verdejantes pântanos africanos, enquanto se decompõe a arquitetura das flores nas suas partes e se revelam os subtis processos de polinização de diferentes espécies ou a origem dos nomes científicos das plantas. Nessa teia de temas, habilmente urdida, cita-se Virginia Woolf e Eça de Queirós, entrelaçam-se as palavras de Fernando Pessoa, Heródoto ou Yasunari Kawabata, e rematam-se flores e florilégios com o virtuosismo de Clarice Lispector, Paulina Chiziane ou Umberto Eco.
Um exercício de convergência entre divulgação científica e a prosa poética de quem conta um conto à sombra de uma árvore, expondo diversos e inesperados pontos de contacto entre a Etnobotânica, a literatura, a leitura e a infinita generosidade do mundo vegetal. 

Ivo Meco (n. 1980) licenciou-se em Ensino de Ciências da Natureza (Biologia e Geologia), pela FCT-UNL, e actualmente é professor do Ensino Secundário. Apaixonado pela Botânica, tem feito o seu percurso em torno das Plantas e da comunicação sobre elas: é sócio fundador da Sociedade Portuguesa de Botânica e realiza visitas guiadas em jardins e parques de Lisboa e Almada, integradas em variados projetos institucionais, sociais e artísticos.
O seu primeiro livro, Jardins de Lisboa — Histórias de espaços plantas e pessoas (Arte Plural Edições) foi publicado em 2019.


Texto sinóptico
Porque será que tanto tememos aquela que é uma das poucas certezas fixas da vida: a de que (se tivermos sorte) iremos envelhecer?
Em parte, isso deve-se ao facto de vivermos numa sociedade anti-aging, em que tudo, desde cremes a exercícios e suplementos, nos tenta vender a promessa de fugirmos ao efeito desgastante e oxidante da passagem do tempo. Até há relativamente pouco tempo, e em quase todo o mundo, as pessoas mais velhas eram alvo de respeito ou até veneração, mas nos nossos dias fazemos de tudo para evitar chegar a um momento da vida que vemos apenas como negativo. Mas será que, ao fugir da realidade do envelhecimento, não estaremos afinal a fugir daquela que pode ser uma das etapas de maior alegria, serenidade e iluminação das nossas vidas?
Ao longo destas páginas, Tsering Paldron oferece, com base na sua experiência de décadas de aprendizagem e ensinamentos budistas, um desafio de reflexão (e prática) verdadeiramente transformador: e se encarássemos os derradeiros anos de vida como um culminar de sabedoria e serenidade, uma oportunidade de aprender o que ainda temos por saber, de desfrutar daquilo que a vida ainda não nos deu tempo para experimentar, e de fazer as reconciliações necessárias para terminarmos esta vida verdadeiramente em paz - tanto connosco como com quem nos rodeia?
Envelhecer como Buda convida a descobrir aquilo que não resiste à passagem do tempo - as virtudes e a riqueza do espírito - para viver com um coração tranquilo todos os dias que lhe for dado viver.

Tsering Paldron é budista há mais de 50 anos. Dá seminários, palestras e conferências em Portugal e em vários outros países. É autora de três livros sobre Budismo: A Arte da Vida (Pergaminho, 2001), A Alquimia da Dor (Pergaminho, 2004) e O Hábito da Felicidade (Pergaminho, 2017). Foi uma das fundadoras da AMARA – Associação pela Dignidade na Vida e na Morte, que faz o acompanhamento existencial de pessoas com doenças graves e terminais, e da Bodhicharya Portugal, uma associação dedicada a atividades educativas e culturais relacionadas com o ensinamento do budismo.

Reedições

O Poder do Agora transformou-se num verdadeiro fenómeno dos nossos tempos, traduzido em mais de 30 línguas e tendo vendido milhões de cópias em todo o mundo. Regressa agora com uma nova edição. O livro de Eckhart Tolle propõe uma reflexão urgente: estaremos realmente a viver no presente?

A Linguagem Secreta do Seu Corpo é um livro de referência que oferece um método único, detalhado e acessível para ajudar o corpo a recuperar o seu estado natural: saudável. Inna Segal é terapeuta e conferencista de renome mundial. Pioneira da medicina energética e da divulgação dos seus benefícios, dedica a sua vida a ajudar pessoas em todo o mundo na sua jornada em direção à cura e à felicidade.

sábado, 10 de maio de 2025

Gradiva reedita duas obras-primas de Kazuo Ishiguro

Em Abril, a Gradiva publicou a 10.ª edição de Os Despojos do Dia, que segundo o The New York Times é «um livro de sonho (...) uma comédia de costumes que evolui magnificamente até se tornar um estudo profundo e tocante sobre a personalidade, a classe e a cultura.» O livro, de Kazuo Ishiguro, publicado originalmente em 1989 sob o título The Remains of the Day, venceu o Booker Prize e deu origem a um filme homónimo, em 1993, protagonizado por Anthony Hopkins e Emma Thompson e realizado por James Ivory, que é conhecido por fazer adaptações para o cinema de obras de grandes escritores como Henry James (The Europeans, 1979), E. M. Forster (A Room with a View, 1985; Maurice, 1987), Arianna Stassinopoulos Huffington (Picasso: Creator and Destroyer, 1996) e André Aciman (Call Me by Your Name, 2017).

A 20 deste mês, é a vez de outra magnífica obra do Nobel da Literatura ganhar uma reedição. Nunca Me Deixes é lançado para assinalar o 20.º aniversário de publicação, com uma nova introdução do autor. Este romance profundamente comovente, uma extraordinária história de amor, perda e verdades escondidas, atravessado por uma percepção singular da fragilidade da vida humana, foi elogiado pelo Sunday Times por «ampliar as possibilidades da ficção» e pelo The New York Times foi considerado um dos 100 melhores livros o século XXI. Nunca Me Deixes (Never Let Me Go, 2005) também foi adaptado para a tela em 2010, tendo como actores principais Keira Knightley, Andrew Garfield e Carey Mulligan.

Kazuo Ishiguro, actualmente com 70 anos, recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2017 e a sua obra está traduzida em mais de quarenta línguas. A sua obra é editada em Portugal pela Gradiva tendo publicados, além destes dois títulos agora reeditados, os seguintes livros: As Pálidas Colinas de Nagasáqui, Os Inconsolados, Quando Éramos Órfãos, Nocturnos, O Gigante Enterrado, Um Artista do Mundo Flutuante e Klara e o Sol.

Romance histórico «A Partitura da Rainha» foi lançado pela editora A Esfera dos Livros


A Partitura da Rainha é o título mais recente d'A Esfera dos Livros. Este romance histórico (tradução para o nosso idioma por Eurico Monchique) fala-nos sobre a vida de Bárbara de Bragança, a esposa do rei Fernando VI e Rainha Consorte da Espanha de 1746 até sua morte.
Este é um romance sobre o valor da arte e da música, que na biografia histórica de Bárbara de Bragança é essencial. A Partitura da Rainha é também um romance musical, que inclui uma lista de músicas, disponível no canal de Youtube indicado na introdução do livro.
O autor, Luis Antonio Muñoz, é músico, investigador, apresentador e diretor musical. É também coach de voz e compositor de música para obras de cinema e teatro. A sua discografia é composta por mais de trinta gravações. É autor dos livros A História Oculta da Música (2020) e Homo musicalis (2022), publicados em Espanha.

Texto sinóptico
Dois de maio de 1758. Por recomendação dos seus médicos, Bárbara de Bragança efetua uma viagem de um dia a Aranjuez. Fá-la acompanhada pelo seu marido, o rei Fernando VI, e de toda a corte, pois desde há anos passavam lá a primavera, passeando de barco e tocando música com o seu amigo Farinelli.
Mas, desta vez, a rainha tem um mau pressentimento: acredita que esta poderá ser a sua última viagem.
No interior da carruagem real, tenta esquecer os nefastos sintomas da doença que a consome. Sozinha, irá reviver antigas recordações, de toda a sua vida. ao chegar ao Real Sítio, contemplará pela última vez as águas límpidas e serenas do seu querido Tejo, um rio que liga Portugal e Espanha, lugares em que a rainha viveu em paz, apesar da incansável perseguição da sua sogra, Isabel de Farnésio.
Mas Bárbara tem um segredo. Uma mensagem codificada nas notas de uma composição que precisa de completar antes de deixar este mundo. Com a ajuda do maestro Domenico Scarlatti, irá dando forma a uma partitura que esconde a chave para conseguir aquilo que ela mais deseja e que estará para sempre junto dela, no seu derradeiro descanso.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

É editado pela 1.ª vez no nosso país um grande clássico da literatura chinesa

Esta é uma história de amor, mas é também uma história de sofrimento; é uma história de virtudes, mas também de vícios, de generosidade e de ganância. Longe de nos dar uma visão bucólica ou lírica da sociedade chinesa, No Fio Inconstante dos Dias mostra a vida como ela acontece, com uma aceitação do que de bom ou mau essa sociedade oferece, longe da revolta ou cisão constitutivas do olhar ocidental.
Uma comovente pérola que nos chega do século XIX, da autoria de Shen Fu, que nasceu em 1763, desconhecendo-se a data da sua morte. Este clássico autobiográfico da literatura chinesa é pela primeira vez publicado em Português, com tradução de Eugénia de Vasconcellos e Manuel S. Fonseca, e com o selo da Guerra & Paz Editores.

sábado, 3 de maio de 2025

As obras publicadas de Ana Plácido

Ana Plácido (1831-1895) fez a sua estreia literária com Luz Coada por Ferros, em 1863, a que se seguiu, em 1872, sob pseudónimo masculino, o romance Herança de Lágrimas. A sua carreira literária regista romances, poemas, críticas literárias, traduções, adaptações e correspondência, sendo os seus textos muitas vezes assinados com nomes masculinos. Publicou contos e poemas em diversos jornais e revistas portuguesas e brasileiras. No plano pessoal, Ana Plácido ficou notabilizada por ter sido mulher do escritor Camilo Castelo Branco (este ano assinala-se o bicentenário do nascimento do escritor), com quem colaborou quer na escrita, quer na revisão da sua vasta obra.

Estas duas obras desta
grande escritora do século XIX, que não teve ainda o merecido reconhecimento, encontram-se editadas pela Sibila Publicações.

Sinopse
Os contos e textos autobiográficos que compõem este livro, o primeiro publicado por Ana Plácido, em 1863, foram escritos durante os 18 meses de prisão (de Junho de 1860 a Outubro de 1861) a que a autora foi condenada pelo adultério que assumiu ter cometido com Camilo Castelo Branco, que amava desde os 15 anos de idade, e com o qual viria a casar depois da morte do marido, um homem rico ao qual os pais a haviam literalmente vendido aos 19 anos, quando esse homem que a comprou tinha 43 anos.
Histórias de paixão, infelicidade, infidelidade e desilusão, magnificamente imaginadas e escritas, dialogam nesta obra singular com as «meditações» pessoais da autora sobre a injustiça de que foi vítima, exortando lucidamente as mulheres a que não se resignem a ser apenas «boas governantas de casa, e boas mães de família».
Luz Coada por Ferros é a revelação da poderosa voz literária de Ana Plácido, uma antecipação prodigiosa da reflexão sobre a emancipação feminina realizada por Virginia Woolf, no fim da segunda década do século XX, em Um Quarto Que Seja Seu.
Escreve Ana Plácido: «Hoje, quando os meus verdugos me supõem dias terríveis de desesperança e amargura, eu digo à alma que suba, à inteligência que se ilumine, e de pronto uma chama misteriosa me aclara esta difícil ascensão.» 

Na dedicatória à memória da irmã Maria José, escreveu:
[…] «Grande parte destes escritos nasceram na calamitosa época do cárcere e do escárnio dos meus algozes, nunca saciados das torturas que me infligiram. Dedicar-te-hei, pois, estas páginas, onde por vezes aparece o teu nome como a estrela da manhã, rompendo a custo das sombras pesadas da noite: é um dever sagrado. Foste a minha única amiga neste mundo: não conheci afeição mais verdadeira.» […]

Sinopse
Diana de Sepúlveda vive um casamento sólido com um homem mais velho, a quem vê quase como um pai. O avassalador aparecimento na sua vida de Nuno, um jovem poeta, precipitará Diana numa abissal visita ao passado obscuro da sua própria família. A descoberta do segredo da geração que a antecede vai determinar o modo como lidará com a eventualidade de um novo amor.
Sob o pseudónimo masculino de Lopo de Sousa, onze anos depois de ter sido presa por adultério devido à sua ligação com Camilo Castelo Branco, Ana Plácido escreveu este apaixonante romance.
Usando a voz epistolar da protagonista na primeira parte e, na segunda, recorrendo a um narrador na terceira pessoa, sem nunca perder a estrutura do enredo — revelando um grande domínio das técnicas narrativas —, a escritora desenvolve um estudo sobre os temas do casamento forçado, da infidelidade conjugal e das suas consequências à luz da dualidade de valores com que a hipocrisia social da segunda metade do século XIX julgava moralmente os dois sexos. A entrega do corpo da mulher ao marido era vista como um dever, ao passo que a separação era considerada uma infâmia, que prejudicava as mulheres quanto aos seus desejos, aos seus direitos e à disposição dos seus bens, ferindo-lhes a dignidade, cerceando-lhes a liberdade e mesmo a sobrevivência, e impossibilitando-lhes a construção de um futuro sem o homem.

Outra obra publicada pela editora:
Balzac — O Romance da Sua Vida, de Stefan Zweig.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Acaba de ser editado o novo romance de Karin Slaughter

É Por Isso Que Mentimos
é o título mais recente de Karin Slaughter, autora publicada no nosso país pela HarperCollins. Esta escritora americana
(vive em Atlanta) de 54 anos já assinou mais de vinte romances, como A Boa Filha, Sabes Quem É?, A Esposa Silenciosa, A Última Viúva e Depois Dessa Noite (todos bestsellers do The New York Times).

Sinopse
Aqui, todos mentem, mas só um é o assassino...
Bem-vindo ao Albergue McAlpine: um refúgio remoto nas montanhas, um oásis de paz e tranquilidade.
Exceto que aqui todos mentem. Mentem sobre o passado. Mentem àfamília. Mentem a si próprios.
Uma noite, Mercy McAlpine — até então a boa filha — ameaça revelar os segredos e as misérias de todos. Poucas horas depois, Mercy está morta.
Num local tão isolado, é fácil cometer um assassinato sem que ninguém se aperceba, mas Will Trent e Sara Linton estão aqui em lua-de-mel.
Agora, com o assassino prestes a atacar novamente, as férias tornam-se uma corrida contra o tempo...

«Segui-la-ia para qualquer lado.» Gillian Flynn (autora de Em Parte Incerta)

«Paixão, intensidade e humanidade.» Lee Child (autor de Uma Questão Pessoal)

«Leitura compulsiva.» Clare Mackintosh (autora de Deixei-te Ir)

«Uma grande escritora no auge da sua carreira.» Peter James (autor de Marcada Para Morrer)

Alguns livros de suspense que vão sair em Maio


A Editora Kathartika publica a 22 deste mês
O Segredo da Floresta, uma obra de grande profundidade emocional, onde a autora Kate Alice Marshall oferece aos leitores uma história electrizante sobre confiança, segredos, traição, redenção e amizades, com reviravoltas inesperadas. Segundo o Kirkus Reviews, o que distingue este tríler psicológico de tantos outros é a excecionalidade da escrita.

Texto sinóptico
Três amigas. Um crime. Uma verdade enterrada há demasiado tempo.
Naomi Shaw acreditava em magia. Quando era criança, ela e as suas melhores amigas, Cassidy e Olivia, passavam os verões a explorar a floresta, envolvidas num mundo de rituais e lendas a que chamavam “O Jogo da Deusa”. Até ao dia em que Naomi foi brutalmente atacada.
Contra todas as probabilidades, sobreviveu a dezassete facadas. O seu testemunho e o das suas amigas levou à condenação de um assassino em série que era procurado pela morte de seis mulheres.
Mas as três meninas não contaram tudo…
Mais de duas décadas depois, Olivia quer revelar o que realmente aconteceu naquela floresta, e Naomi está determinada a descobrir a verdade — por mais assustadora que esta possa ser.



Em O Morcego, o novo policial do autor norueguês Jo Nesbø, é-nos revelado os meandros de uma investigação ao mesmo tempo que nos vai contando a história da Austrália através das suas paisagens, das suas lendas, da diversidade de animais exóticos e selvagens que a habitam, e de como colonos e aborígenes aprenderam a respeitar-se e a unir esforços para construir uma sociedade mais justa… mas nem sempre mais segura.

Uma edição Dom Quixote.

Texto sinóptico
A extravagante vida noturna de Sydney. Os mistérios de uma Austrália selvagem. As fraquezas de Harry Hole e o triunfo do Grande Tubarão Branco.
O inspetor Harry Hole, da Brigada Anticrime de Oslo, é enviado numa missão a Sydney, na Austrália, para investigar o homicídio de uma norueguesa de vinte e três anos, em tempos uma celebridade televisiva no seu país. Harry deve colaborar com as autoridades locais, sem se envolver demasiado, e tem instruções para se manter longe de sarilhos.
Mas Harry não consegue ser um simples espectador, e, à medida que a investigação se desenrola, trava amizade com um dos detetives responsáveis pelo caso. Juntos concluem que este é o último de vários homicídios por resolver, e o padrão que identificaram diz-lhes que estão na presença de um psicopata que tem vindo a atuar ao longo do país. Prestes a desvendar a identidade do assassino, Harry começa a temer que ninguém esteja a salvo, sobretudo as pessoas envolvidas na investigação… e os seus receios transformam-se no seu mais profundo pesadelo!



Com tradução de Pedro Rodrigues, a Singular traz aos leitores Vingança em Família, um livro «soberbo... de cortar o coração»
, de Natali Simmonds. Segundo vem na capa, este tríler vai satisfazer os fãs de Como Matar a Tua Família (de Bella Mackie) e de A Criada (de Freida McFadden).

Texto sinóptico
A morte dele aparece nas notícias da manhã. O homem com quem a minha filha andava a sair. Morto. Foi-se. Aparentemente, um suicídio. Pestanejo lentamente – uma, duas, três vezes – enquanto agarro a caneca do café com mais força. Fico sem ar. Só soube da existência deste homem há pouco tempo, porque a minha filha de 17 anos já não me conta nada. Mas encontrei as cartas que ela escondeu e as provas que tentou queimar. Sei que a Leah se apaixonou loucamente por ele e que ele lhe partiu o coração. E agora está morto. Conheço a minha filha demasiado bem e sei que teve algo que ver com isto.
O meu primeiro erro foi criar a minha filha para ser como eu… O segundo poderá ser o que faço para a proteger.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

«As Terças Com Morrie», de Mitch Albom

Editora: Albatroz
Data de publicação: Abril de 2025
N.º de páginas: 167

Mitch Albom, um jornalista desportivo muito conhecido na América, levava uma vida atarefada, centralizada na parte profissional. Ele era um verdadeiro workaholic, como o próprio confessa neste seu livro cujo título original é Tuesdays With Morrie, e que se tornou num best-seller internacional, muito devido a tratar-se de uma história verídica.
Em 1995, após dezasseis anos, Mitch reencontra um ex-professor de Sociologia, e descobre que este está morrendo de E.L.A. (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença progressiva e, irremediavelmente, fatal. Nos últimos quatro meses da vida de Morrie, então com 77 anos, o jornalista fez questão de visitar-lhe e ao mesmo tempo decide registrar as sábias mensagens sobre o que de mais importante se deve preservar nas relações humanas, que ao longo da vida o experiente professor foi coligindo, entre teoria e prática. Assim, colheu ensinamentos sobre a Vida, sendo a Morte o mote das múltiplas conversas a que o sapiente septuagenário autorizou serem gravadas, e que serviram de base para este livro sobre um professor que o foi até ao fim dos seus dias.
Durante catorze terças-feiras os dois se reuniram e nesses encontros falaram sobre assuntos importantes para a realização de qualquer ser humano, como o casamento, a família, a amizade, o desapego («Não te apegues às coisas, pois tudo é impermanente (…) Se te prendes nas emoções, se não te permites vivê-las completamente, nunca podes desapegar-te, estás muito ocupado em ter medo.»), a solidão («Porque nos sentimos incomodados pelo silêncio? Que conforto encontramos no barulho?»).
Ao longo das páginas deste livro Morrie transmite o quão fantástica a vida é, apesar de todas as contradições e objecções que impedem o ser humano de ser verdadeiramente feliz. Nem a iminência da (sua) morte o faz pensar o contrário. Este livro é um testemunho único, comovente, e pode-se caracterizá-lo como uma espécie de livro de auto-ajuda. Esta leitura poderá levar-nos a reflectir se já não tivemos um professor muito especial, que nos tenha marcado profundamente.
As Terças Com Morrie foi publicado em 1997 e desde então tem mudado milhões de vidas (como é referido na capa do livro), e foi um dos livros recomendados por Oprah Winfrey, que também produziu o filme homónimo, baseado nesta história cativante, que contou com os actores Hank Azaria (Mitch) e Jack Lemmon (Morrie).
Além deste As Terças Com Morrie (publicado no nosso país pela primeira vez em 1999, pela Editora Sinais de Fogo), Mitch Albom (actualmente com 66 anos) escreveu obras como Um Milagre Chamado Chika, Reencontro no Céu, Uma Chamada do Céu, As Cinco Pessoas Que Encontramos no Céu, Um Pouco de Fé e O Guardião do Tempo.

«Tanta gente anda por aí com uma vida sem sentido. Parecem meio adormecidos, mesmo quando estão ocupados a fazer coisas que consideram importantes. Isto é porque perseguem coisas erradas. A maneira de dar sentido à nossa vida é dedicá-la a amar os outros (…)» Morrie Schwartz

Editora Devir traz aos leitores a novela gráfica «Estes Dias Que Desaparecem»

Depois de lançar em Abril as obras Corpos e A Bela Casa do Lago, a Devir publica este mês Estes Dias Que Desaparecem (Ces Jours qui disparaissent, Editions Glénat, 2017), do autor de banda desenhada Timothé Le Boucher, que assinou
trabalhos como Vivre dessous (2011), Les Vestiaires (2014) e Le Patient (2019).


O que farias se, de repente, te apercebesses que só vives dia sim, dia não?

É isto que acontece a Lubin Maréchal, um jovem de 20 e poucos anos que, sem se lembrar de nada nem saber porquê, começa a acordar todas as manhãs 48 horas depois do último dia em que viveu. Durante os dias em que está ausente, uma outra personalidade toma posse do seu corpo, um outro eu, com um carácter muito diferente e que leva uma vida que nada tem a ver com a dele.