domingo, 17 de novembro de 2013

O barómetro da leitura

Sou leitor assíduo de livros e de jornais. De tempo a tempos passo os olhos por uma ou outra revista. Rádio raramente a sintonizo. Televisão assisto a pouca. Destes quatro meios de informação o livro é, inequívocamente, o meu predilecto e o que dispenso, com muito prazer, tempo. Ler livros ainda continua a ser um hábito pouco comum da extrema maioria dos portugueses. É exatamente isso que evidencia um inquérito do Eurobarómetro revelado no início deste mês, que afirma ser Portugal o país europeu em que há maior falta de interesse pela leitura e pela cultura em geral. Em oposição, assistir televisão é a actividade que mais faz ‘distrair’ os inquiridos. Por que razão continua-se a ler tão pouco? Quantos pais incentivam os filhos, desde tenra idade, a fazerem deste acto uma habituação? — e isto se eles nutrirem também esse gosto ou se estiverem conscientes da importância que ler tem no desenvolvimento de uma criança, caso contrário nunca irão alertá-los. E as escolas-barra-professores, será que têm persuadido os jovens para nutrirem esse gosto? As bibliotecas escolares e públicas por que continuam com pouca adesão? Pergunto a si, leitor deste diário, qual a última vez que visitou uma biblioteca? Ou uma livraria? Qual o último livro que leu, lembra-se? Quando passo pela área de livros da Fnac, é com dó que vejo milhares de livros à disposição e apenas vislumbro um ou outro interessado. Todas as semanas dezenas de títulos são publicados no país. Oferta há muita; leitores há poucos, ou, digamos, os habituais: os fiéis bibliófilos. Para elevar os níveis de literacia há que voltar a repensar, conjuntamente, um novo plano de fomentação e estímulo à leitura. Esta, torna-nos menos ignorantes e previne-nos do mal de viver. Termino este texto com uma frase vinda num dos últimos livros que li, da autoria de Agustina Bessa-Luís: "Ler protege-nos da fossilização, prepara-nos para uma constante participação no mundo das ideias, retarda os tempos da sensibilidade moral e física."

(Texto publicado no Diário de Notícias da Madeira, em 17/11/2013)

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